Insulana de origem humilde, com muito foco, cursa Medicina na UFRJ

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Rayane no Iate Clube Jardim Guanabara, onde trabalhou como caixa freelancer em eventos, enquanto cursava o pré-vestibular: o foco sempre foi cursar Medicina... e ela conseguiu

Quem já foi a festas no Salão novos Ventos, do Iate Clube Jardim Guanabara, ou na União da Ilha, provavelmente já foi atendido pela então estudante de pré-vestibular Rayane Vitória, que hoje cursa o 3º período de medicina na UFRJ. Curso mais disputado nas universidades públicas de todo o país, fazendo com que o vestibulando necessite ter muita disciplina, empenho e dedicação aos estudos, a medicina é o grande sonho de consumo entre milhares de jovens que, anualmente, prestam o Enem. Com muita dedicação e, sobretudo, rompendo barreiras sociais, a insulana conseguiu transformar esse sonho em realidade.

Aos 23 anos, Rayane, que por dois anos consecutivos foi aprovada na mesma UFRJ para Engenharia Química, em 2º e 1º lugar, respectivamente, precisou enfrentar muitos obstáculos para persistir e ser aprovada no curso que sempre desejou.
Moradora de uma região carente do Jardim carioca, a jovem sempre estudou em escolas públicas da Ilha, como Leonel Azevedo e Anísio Teixeira, ao longo do ensino fundamental. No ensino médio, conseguiu ser aprovada para a Fiocruz, já vislumbrando alcançar o seu sonho de se tornar médica.

– A medicina sempre foi um sonho que parecia muito distante por conta da minha origem humilde. Mas, mesmo passando por muitas dificuldades financeiras, nunca pensei em desistir. Fiz cinco vezes o Enem, consegui médias que me aprovavam em outros cursos, até mesmo passando duas vezes para Engenharia Química, outro curso muito disputado, no qual cheguei a ser primeira colocada na UFRJ, mas eu não queria deixar o meu sonho se acabar… e decidi continuar estudando para ser aprovada em Medicina – afirmou a insulana.

Rayane se diz muito grata ao colégio e curso Prósper, na figura de seu Diretor­ Geral, o professor Luís Eduardo, mais conhecido como “Chiclete”, que acreditou no potencial dela e abriu as portas do seu estabelecimento, ajudando em tudo o que era possível para que ela alcançasse o seu objetivo.

Fiz o bolsão e, no primeiro ano, paguei um valor bem simbólico. como tive ótimos resultados, a partir do ano seguinte já tive bolsa integral… Jamais esquecerei o que ele fez por mim – contou.

Por muitas vezes, Rayane precisou fazer trabalhos como caixa freelancer em eventos no Salão novos Ventos, do Iate Clube Jardim Guanabara, e também na União da ilha, sempre aos finais de semana, para poder ajudar no sustento da casa e também nos seus gastos diários, como transporte e alimentação. Segundo a estudante, ela precisava economizar o dinheiro da passagem para poder guardar e comer alguma coisa ao longo do dia, já que estudava no curso pré-vestibular e depois ia para a biblioteca do Prósper, onde ficava até de noite, estudando.

Na UFRJ, da direita para a esquerda, Rayane, já de jaleco, é a segunda, na fila do meio; uma conquista muito comemorada

– Passei alguns momentos muito difíceis. Às vezes, precisava economizar na passagem para ter o que comer ­ e ficava o dia todo fora de casa. Durante um período, tive depressão, pois a situação financeira da minha casa estava difícil e eu não tinha muito como ajudar, pois estudava o dia todo. Então, passei à fazer uns bicos como caixa no Salão novos Ventos e na União da ilha, quando tinha eventos, para ajudar nas despesas – explicou Rayane, reforçando que não deixou o desânimo tomar conta nessas horas e que tem muita fé em Deus para poder superar as adversidades.

A mãe de Rayane, Janete Pereira, contou ao Jornal Golfinho que, “no primeiro mês de gestação da Rayane, tive rubéola… e o obstetra me aconselhou a interromper a gravidez. Mas eu resolvi que não faria isso, queria ter a minha filha. Graças a Deus ela cresceu forte, saudável e muito inteligente. Tenho certeza de que essa aprovação dela em medicina foi uma bênção na sua vida e de nossa família. Ela nos enche de orgulho!”

Para quem pensa que não pode ou não consegue realizar o que almeja, a futura médica deixa um recado:

– Não desista de nada que você almeje, independentemente das limitações por que você passe. muitos disseram que seria melhor eu buscar um curso mais fácil de passar, pois medicina não era para mim. Hoje, sou aluna de medicina de uma das universidades públicas mais disputadas do Brasil – aconselhou Rayane.

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