Nunca acreditei que iríamos ao racionamento de luz. Como jovem, ouvi muitas vezes ao longo dos anos adultos se referindo ao apagão de 2001 (por coincidência, ano em que nasci) e sempre pensei nisso como um fato histórico, distante e desconectado do “Brasil Moderno”.
No entanto, é esse prognóstico horrível que tenho lido nos jornais, visto na televisão, e inclusive, ouvido há meses de pessoas próximas que são ligadas à área de energia.
Vejo hoje que a minha opinião estava errada: por mais que tenhamos uma ilusão de que o passado é passado e de que certos problemas básicos não irão mais se repetir nos “tempos modernos”, é exatamente esse viés que se transforma em indolência e permite que o improvável se torne novamente provável.
Como futuro engenheiro, sei que o remédio contra a estagnação só pode ser a ação. Se a crise está para ocorrer porque a demanda no horário de ponta ultrapassa a geração, é preciso ampliar essa geração. E fico feliz de ver que, uma vez criados os incentivos para tal, empreendedores estão rapidamente se posicionando para resolver esse déficit.
Nesse sentido, tive o prazer de visitar essa semana a CGH Santana, que é uma usina hidrelétrica a fio d’água que está sendo construída no interior do RJ, em Miguel Pereira. Essa usina possui impacto ambiental muito reduzido, gerando
diretamente com o fluxo do rio, sem a necessidade dos grandes alagamentos comuns às hidrelétricas tradicionais. São projetos engenhosos como esse que, quando realizados em escala nacional, irão novamente reverter o cenário de falta de
energia e, inclusive, aumentar a oferta de tal maneira que fará até os preços caírem.
Como uma pessoa que está vendo esse tipo de batalha pela primeira vez, estou entendendo que é preciso muito planejamento e trabalho, estimulados pela visão otimista de que chegaremos aonde quisermos se lutarmos por isso. O Francisco de 14 anos pensava que o apagão era história e o Francisco de 20 tem a certeza de que ele voltará a ser. A CGH Santana está prevista para inaugurar em janeiro.